O CAFARMA realizou uma entrevista com os membros desta gestão, que foi publicada na edição nº13 da BULA, e que você pode conferir na íntegra aqui no blog!
Confira a entrevista com os outros membros da gestão:
Prof.ª Dr.ª Célia Regina Garlipp
Prof.ª Dr.ª Wanda Almeida
Profª Drª. Patrícia Moriel
Profº Dr. João Ernesto de Carvalho (Diretor pro-tempore da FCF)
Bacharel em Ciências Biológicas Modalidade Médica (1978) pela antiga Escola Paulista de Medicina (EPM), atualmente Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), desde a graduação comecei a trabalhar na pesquisa farmacológica de produtos naturais, especialmente oriundos de espécies vegetais. Nessa área de pesquisa, desenvolvi minhas teses de mestrado e doutorado em farmacologia, naquela Instituição.
Exerci atividades didáticas em Farmacologia na maior parte do período da pós-graduação. Inicialmente (1979-1981), na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, quando o grupo de meu orientador, o professor Lapa, foi convidado para organizar a disciplina de Farmacologia. Posteriormente, já durante o doutorado, na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), nos campi de Botucatu e São José dos Campos (1984-1990).
Com a minha mudança para a Unicamp, deixei de ministrar a disciplina de Farmacologia, pois o CPQBA é um centro de pesquisas sem vínculo oficial com atividade de graduação. Além de sentir falta da atividade didática, após alguns meses comecei a perceber que ela é importante também para a atualização profissional, uma vez que a Farmacologia é uma área do conhecimento muito dinâmica e em constante evolução.
No segundo semestre de 1991, fui convidado a dar aulas de controle de qualidade no curso de Farmácia da PUC-Campinas. Como consequência, já no ano seguinte, eu comecei também a colaborar com a disciplina de Farmacologia, sempre com a autorização da Direção do CPQBA. Essa atividade, que exerci como professor titular até 2006 proporcionou-me uma experiência didática muito diferente da experimentada na universidade pública. Nesta, geralmente a carga didática é dividida entre os docentes, de tal forma que o mesmo tópico é ministrado por um professor nos diversos cursos da unidade. Já na PUC-Campinas, o docente é o responsável por todas as aulas de Farmacologia de um determinado curso; por isso deve ter domínio de todos os tópicos da disciplina.
Na Unicamp, além de defender a criação do curso de Farmácia, desde o início de minhas atividades no CPQBA, fiz parte da comissão designada para a criação do curso, sendo, depois, membro da Comissão de Graduação do Curso de Farmácia da Unicamp. Para esse curso, criei a disciplina eletiva Bases Farmacológicas e Fitoquímicas da Fitoterapia, da qual sou um dos professores responsáveis.
Na pós-graduação, sou credenciado nos seguintes programas: Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Estrutural do Instituto de Biologia da Unicamp; Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica da Faculdade de Ciência Médicas da Unicamp e Programa de Pós-Graduação em Odontologia, área de concentração Farmacologia, Anestesiologia e Terapêutica da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP-Unicamp).
Em outubro de 2012 fui aprovado em concurso para obtenção do título de Livre Docência pelo Departamento de Farmacologia da Universidade Estadual de Campinas, onde, além das provas regulares, foi realizada a avaliação do conjunto de minha produção científica.
CPQBA
Durante a pós-graduação, juntamente com a Farmacologia, precisei desenvolver todo o processo de isolamento dos princípios ativos sem contar com a ajuda e a estrutura de um departamento de Química para identificação dos princípios ativos do rapé. Essas dificuldades de interação entre a Química e a Farmacologia despertaram meu interesse pelo CPQBA da Unicamp, ainda durante o meu doutorado. O CPQBA teve início em 1986, após aquisição do centro de pesquisas que pertencia à Monsanto, em Paulínia, pela Unicamp. A estrutura adquirida, com diversos laboratórios e campo para cultivo experimental de espécies vegetais, orientou a implantação de um centro interdisciplinar de pesquisas de Produtos Naturais, onde as diversas áreas envolvidas necessariamente devem realizar trabalhos em colaboração. A possibilidade para desenvolver estudos de plantas medicinais, de forma integrada com as demais áreas, foi o principal motivo pelo qual decidi prestar o concurso para uma vaga neste centro de pesquisas.
Fui contratado com o compromisso de montar uma divisão de Farmacologia e Toxicologia (DFT), que pudesse interagir com as divisões já existentes (Fitoquímica, Química Orgânica, Microbiologia e Análises de Resíduos). Esse desafio era enorme, pois, no início, contávamos apenas, além de mim, com uma bióloga. O espaço físico destinado à área era a antiga casa do caseiro da Monsanto e uma baia de cavalos desativada. Como estava terminando a tese de doutorado, ainda não tinha como obter recursos de agências de fomento para transformar a casa em laboratório, adquirir equipamentos e material de consumo.
Como centro de pesquisas, sem vínculo obrigatório com atividades de ensino, o CPQBA tinha como missão, além da pesquisa, a prestação de serviços e a realização de convênios com indústrias das áreas afins. Dessa forma, a única maneira encontrada para a obtenção de recursos, naquela época, foi a prestação de serviços. Com a compra de estantes e gaiolas para manutenção de animais, iniciamos esse trabalho, principalmente a realização de testes de toxicidade. O que inicialmente seria temporário acabou se tornando a principal fonte de fomento para a Divisão de Farmacologia e Toxicologia, pois todos os recursos obtidos com a prestação de serviços e convênios sempre foram integralmente utilizados para a pesquisa, manutenção dos laboratórios e contratação de pessoal técnico.
Em virtude da carência de subsídios financeiros, no início de nossas atividades tivemos que desenvolver pesquisa em áreas para as quais não havia necessidade de infraestrutura de equipamentos. Naquela época, o Centro de Bioterismo da Unicamp fornecia os roedores gratuitamente, sendo apenas necessário que cada unidade fizesse uma programação do uso dos animais que seriam utilizados na pesquisa e no ensino. Além disso, tínhamos disponíveis as espécies vegetais cultivadas, no CPQBA, pela Divisão de Agrotecnologia e a colaboração das Divisões de Fitoquímica e de Química Orgânica e Farmacêutica, para obtenção e purificação de extratos. Portanto, tínhamos estantes, gaiolas, animais, agulhas, seringas, algumas drogas, água e ração para darmos início a uma linha de pesquisa. Considerando essa infraestrutura mínima pudemos iniciar a pesquisa avaliando extratos e princípios ativos vegetais em modelos de úlcera gástrica e posteriormente, em mucosite provocada por quimioterápicos.
Com a obtenção de recursos provenientes das agências de fomento foi possível estabelecer uma linha de triagem de substâncias em cultura de células tumorais humanas, estabelecendo a principal linha de pesquisa da Divisão de Farmacologia e Toxicologia do CPQBA. No entanto, além da pesquisa de drogas anticâncer, realizamos também pesquisa de novas substâncias analgésicas e anti-inflamatórias. Outra linha de pesquisa, que surgiu dos nossos trabalhos, é a relação entre processos inflamatórios e câncer, onde buscamos substâncias, que através da atividade em etapas do processo inflamatório, possam também influenciar no desenvolvimento tumoral. Na área de toxicologia desenvolvemos métodos para avaliação toxicológica de produtos. Paralelamente, desenvolvemos pesquisas com objetivo de redução do número, bem como de métodos que diminuam a dor e sofrimento dos animais de laboratório.
Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF)
Embora não tenha cursado farmácia, minha atividade profissional sempre esteve ligada à pesquisa e desenvolvimento de medicamentos. Por isso, assim que fui contratado na Unicamp, em 1990, passei a discutir com meus colegas a criação de um curso de ciências farmacêuticas na Unicamp. A ideia foi amadurecendo, até que em 1999 elaboramos a primeira proposta de curso, que não despertou o interesse dos Institutos e Faculdades. Dessa forma elaboramos a segunda proposta de curso, juntamente com a da faculdade, que despertou interesse após o aporte de recursos oferecido pelo governo do estado. Infelizmente somente a proposta de curso entrou em pauta e foi aprovada pelo Conselho Universitário.
Nesse momento a diretoria da Faculdade de Ciências Farmacêuticas está empenhada na sua estruturação administrativa, na construção do primeiro edifício e no estímulo à elaboração de projetos de pesquisa, que possam integrar os docentes do curso, possibilitando também a participação de alunos de iniciação científica da FCF.
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